Livros são como as estrelas: cada qual com sua grandeza. Este é um jeito que encontrei para iniciar esta resenha. Cada um de nós, em nossa existência, somos estrelas. Estrelas não nos sentidos de pop ou super star, presentes hoje nas diferentes mídias, mas no sentido de que, neste planeta, cada vida é única, singular, própria e capaz de deixar sua História e seus sonhos, suas lutas e utopias, como legado às gerações vindouras.
O trabalho de Dolores perfeitamente se encaixa nesta minha visão das pessoas: somos, todos, estrelas. E cada um de nós, como as estrelas, temos nossa própria beleza e presença, brilho e imanência.
Somos, no Brasil, uma nova geração de psicopedagogos, que trilham juntos o caminho aberto por tantas contribuições das que carinhosamente chamamos desbravadoras. A Psicopedagogia brasileira é fêmea, uterina, fértil, mãe, nascida do sonho de muitas mulheres e poucos homens, mas ao saber que somos poucos, enquanto gênero, muitos somos enquanto masculina energia deste movimento.
Essas desbravadoras matrizes/mães das complexas idéias, ideais e sentidos sobre o fazer psicopedagógico nos geraram: eu e Dolores, além de um outro grande número de novos autores, pesquisadores e apaixonados pela Psicopedagogia, que não cabe aqui historiar.
Brasileiros, filhos jovens desta Psicopedagogia Materna, maternagem do cuidado e do zelo, somos agora uma Psicopedagogia fraterna: irmanados na transcendência do que é passado, buscamos validá-lo e reverenciá-lo não como tradição arcaica, mas como um movimento de percebê-lo em evolução permantente.
Este livro de Dolores Alves é a comunhão e prova disso.
Prefaciado por uma dessas muitas “mães”, nossa mestra Nadia Aparecida Bossa, encontramos aqui um registro de uma trajetória de autoria de vida, mapeado pelo desejo do exercício desta autoria. Subjetividades em interlocução, este trabalho inicia seu percurso de sucesso quando se volta para o espaço das instituições escolares como foco de ação e pesquisa, mas buscando compreender a voz dos professores do ensino básico, um dos principais atores neste cenário.
Na introdução fica claro que o objetivo presentificado é o de aliar saberes humanísticos para desvendar a complexa dinâmica relacional que se estabelece no intercâmbio existente entre afeto e cognição. Ressalta Dolores, com grande docilidade, o fato de que a escola é espaço de constituição de sujeitos e que, na manifestação da capacidade humana da afetividade, pode continuar a ser um lócus de construção do conhecimento.
Neste sentido, se faz necessário refletir sobre a condição humana, pois é com os valores que expressamos em nossas ações que reverberam as interlocuções que mantemos com os outros, com o mundo e conosco.
Ao pontuar que “o ser humano, ao longo de sua existência, foi delineando valores na medida das necessidades determinadas pelo momento histórico”, Dolores colabora com a nossa ampliação de olhares sobre a Psicopedagogia quando nos propõe a refletir sobre como estes valores são essenciais para o desenvolvimento do afeto, modo que, também acredito como ela, é o único capaz de estabelecer novos significados e sentidos para as ações humanas presentes nos atos de ensinagens e aprendências.
No primeiro capítulo, “Os Valores na História e a História dos Valores” são as bases teóricas de sua produção que tornam “palavrascorposentimento”, pois a autora límpidas águas da Filosofia e da Psicologia ingere para criar sua trama de idéias que justifica sua empreitada reflexiva. Dolores fala de si mesma quando passeia pelo seu próprio percurso de aprendente em Psicopedagogia, pois neste movimento de pesquisar autores que construíram as bases para uma educação humanística, desenvolve sua autoria de pensamento e cria interesse síntese deste seu caminhar.
“Ofício de professor: da teoria a ação”, segundo capítulo desta obra, é uma viagem aos pressupostos teóricos que iluminaram, no século passado, a história das idéias educacionais, principalmente das que foram referências às ações dos professores e suas opções ideológicas e escolhas metodológicas.
Algumas interessantes provocações ao nosso pensar são postas em cena quando contemporiza a seguinte questão: “o que desejamos desta prática tão especial da qual depende o futuro da humanidade ´o humano do humano` ?”
“Psicopedagogia: em busca do sujeito autor”, capitulo terceiro deste livro, revela a magia do encontro construído, de modo gradual e contínuo, pela própria formação da autora, pois é neste espaço da construção de sua autoria que Dolores desvela sua subjetividade e intercambia seus pensares nas relações dialógicas e intersubjetivas. Entre outros tantos importantes referenciais, cita Edgar Morin com sua auto-ética, estabelecendo interessantes idéias entre o pensamento complexo e a autoria de pensamento.
Suas palavras corporificam um desafio para todos nós, que atuamos com pessoas. Pura poesia é ler sua autoria sobre liberdade: “Liberdade que se consegue por meio da cultura, da auto-ética, do conhecimento compartilhado que se transforma em sabedoria. Sabedoria que se concretiza quando temos a possibilidade de despertamos o humano humano.” E nos brinda e finda, com poesia linda, “Ser autor é...” este terceiro capítulo.
O capítulo seguinte “Estratégias de investigação: em busca de uma metodologia psicopedagógica” é onde temos o aprofundamento científico e novo paradigmático de todo este percurso vivenciado por Dolores, pois sistematiza aspectos reflexivos sobre a importância dos valores do professor. Sua pesquisa, ação e vivência constituem uma Análise Clínica Qualitativa, carregada de sonoridades e silêncios, de objetividades e subjetividades que só o olhar ampliado e a sensibilidade ao analisar os conteúdos expressos em seus 27 questionários podem revelar.
Neste aspecto, aprendeu Dolores com Márcia Andrade, outra incansável e produtiva pesquisadora brasileira voltada aos processos de autoria de pensamento, que é essencial um olhar psicopedagógico que se preocupe com a subjetividade e suas demandas.
Em suas considerações finais, Dolores tece sua trama na urdidura do conjugar verbos/ações que nos sensibilizam para o sentido maior de expressar o amar humano. É como se pudéssemos ouvir vozes angelicais que reconhecem o nascimento de uma nova Psicopedagogia Brasileira, que venho gradualmente denominando de Psicopedagogia Vivencial Humanística, onde o olhar ganha status de categoria e o desejo sentido de autoria.
A humildade, húmus da humanidade para a Idade da Vida, ressoa nesta obra. Para Dolores, todo meu afeto, pois com ela cantei e teci fios de amorosidade. Se “somos todos nós anjos de uma só asa, e só podemos alçar vôo se estivermos abraçados uns aos outros”, como nos ensinou Buscáglia, Dolores eu abracei e alcancei altitudes só possíveis às águias.
O trabalho de Dolores perfeitamente se encaixa nesta minha visão das pessoas: somos, todos, estrelas. E cada um de nós, como as estrelas, temos nossa própria beleza e presença, brilho e imanência.
Somos, no Brasil, uma nova geração de psicopedagogos, que trilham juntos o caminho aberto por tantas contribuições das que carinhosamente chamamos desbravadoras. A Psicopedagogia brasileira é fêmea, uterina, fértil, mãe, nascida do sonho de muitas mulheres e poucos homens, mas ao saber que somos poucos, enquanto gênero, muitos somos enquanto masculina energia deste movimento.
Essas desbravadoras matrizes/mães das complexas idéias, ideais e sentidos sobre o fazer psicopedagógico nos geraram: eu e Dolores, além de um outro grande número de novos autores, pesquisadores e apaixonados pela Psicopedagogia, que não cabe aqui historiar.
Brasileiros, filhos jovens desta Psicopedagogia Materna, maternagem do cuidado e do zelo, somos agora uma Psicopedagogia fraterna: irmanados na transcendência do que é passado, buscamos validá-lo e reverenciá-lo não como tradição arcaica, mas como um movimento de percebê-lo em evolução permantente.
Este livro de Dolores Alves é a comunhão e prova disso.
Prefaciado por uma dessas muitas “mães”, nossa mestra Nadia Aparecida Bossa, encontramos aqui um registro de uma trajetória de autoria de vida, mapeado pelo desejo do exercício desta autoria. Subjetividades em interlocução, este trabalho inicia seu percurso de sucesso quando se volta para o espaço das instituições escolares como foco de ação e pesquisa, mas buscando compreender a voz dos professores do ensino básico, um dos principais atores neste cenário.
Na introdução fica claro que o objetivo presentificado é o de aliar saberes humanísticos para desvendar a complexa dinâmica relacional que se estabelece no intercâmbio existente entre afeto e cognição. Ressalta Dolores, com grande docilidade, o fato de que a escola é espaço de constituição de sujeitos e que, na manifestação da capacidade humana da afetividade, pode continuar a ser um lócus de construção do conhecimento.
Neste sentido, se faz necessário refletir sobre a condição humana, pois é com os valores que expressamos em nossas ações que reverberam as interlocuções que mantemos com os outros, com o mundo e conosco.
Ao pontuar que “o ser humano, ao longo de sua existência, foi delineando valores na medida das necessidades determinadas pelo momento histórico”, Dolores colabora com a nossa ampliação de olhares sobre a Psicopedagogia quando nos propõe a refletir sobre como estes valores são essenciais para o desenvolvimento do afeto, modo que, também acredito como ela, é o único capaz de estabelecer novos significados e sentidos para as ações humanas presentes nos atos de ensinagens e aprendências.
No primeiro capítulo, “Os Valores na História e a História dos Valores” são as bases teóricas de sua produção que tornam “palavrascorposentimento”, pois a autora límpidas águas da Filosofia e da Psicologia ingere para criar sua trama de idéias que justifica sua empreitada reflexiva. Dolores fala de si mesma quando passeia pelo seu próprio percurso de aprendente em Psicopedagogia, pois neste movimento de pesquisar autores que construíram as bases para uma educação humanística, desenvolve sua autoria de pensamento e cria interesse síntese deste seu caminhar.
“Ofício de professor: da teoria a ação”, segundo capítulo desta obra, é uma viagem aos pressupostos teóricos que iluminaram, no século passado, a história das idéias educacionais, principalmente das que foram referências às ações dos professores e suas opções ideológicas e escolhas metodológicas.
Algumas interessantes provocações ao nosso pensar são postas em cena quando contemporiza a seguinte questão: “o que desejamos desta prática tão especial da qual depende o futuro da humanidade ´o humano do humano` ?”
“Psicopedagogia: em busca do sujeito autor”, capitulo terceiro deste livro, revela a magia do encontro construído, de modo gradual e contínuo, pela própria formação da autora, pois é neste espaço da construção de sua autoria que Dolores desvela sua subjetividade e intercambia seus pensares nas relações dialógicas e intersubjetivas. Entre outros tantos importantes referenciais, cita Edgar Morin com sua auto-ética, estabelecendo interessantes idéias entre o pensamento complexo e a autoria de pensamento.
Suas palavras corporificam um desafio para todos nós, que atuamos com pessoas. Pura poesia é ler sua autoria sobre liberdade: “Liberdade que se consegue por meio da cultura, da auto-ética, do conhecimento compartilhado que se transforma em sabedoria. Sabedoria que se concretiza quando temos a possibilidade de despertamos o humano humano.” E nos brinda e finda, com poesia linda, “Ser autor é...” este terceiro capítulo.
O capítulo seguinte “Estratégias de investigação: em busca de uma metodologia psicopedagógica” é onde temos o aprofundamento científico e novo paradigmático de todo este percurso vivenciado por Dolores, pois sistematiza aspectos reflexivos sobre a importância dos valores do professor. Sua pesquisa, ação e vivência constituem uma Análise Clínica Qualitativa, carregada de sonoridades e silêncios, de objetividades e subjetividades que só o olhar ampliado e a sensibilidade ao analisar os conteúdos expressos em seus 27 questionários podem revelar.
Neste aspecto, aprendeu Dolores com Márcia Andrade, outra incansável e produtiva pesquisadora brasileira voltada aos processos de autoria de pensamento, que é essencial um olhar psicopedagógico que se preocupe com a subjetividade e suas demandas.
Em suas considerações finais, Dolores tece sua trama na urdidura do conjugar verbos/ações que nos sensibilizam para o sentido maior de expressar o amar humano. É como se pudéssemos ouvir vozes angelicais que reconhecem o nascimento de uma nova Psicopedagogia Brasileira, que venho gradualmente denominando de Psicopedagogia Vivencial Humanística, onde o olhar ganha status de categoria e o desejo sentido de autoria.
A humildade, húmus da humanidade para a Idade da Vida, ressoa nesta obra. Para Dolores, todo meu afeto, pois com ela cantei e teci fios de amorosidade. Se “somos todos nós anjos de uma só asa, e só podemos alçar vôo se estivermos abraçados uns aos outros”, como nos ensinou Buscáglia, Dolores eu abracei e alcancei altitudes só possíveis às águias.
Joao Beauclair
Publicado no Recanto das Letras em 17/10/2006
Código do texto: T266465
Código do texto: T266465
DE PROFESSOR A EDUCADOR
CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA: RESSIGNIFICAR OS VALORES E DESPERTAR A AUTORIA
Maria Dolores FOrtes Alves
Editora WAK, 2006.
CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA: RESSIGNIFICAR OS VALORES E DESPERTAR A AUTORIA
Maria Dolores FOrtes Alves
Editora WAK, 2006.
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