Quem sou eu

Minha foto
MARAVILHOSA, Rio de Janeiro, Brazil
Diante de tanta contradição da vida, aprendi que devo ter alto astral acima de qualquer coisa!Eu nunca imaginei que seria pedagoga. Não me preparei para isso. Ela chegou sem que eu preparasse o seu caminho e por isso fiquei tão apaixonada. Essa é para mim a profissão mais linda e digna que existe... Sem sonharmos e idealizarmos algo melhor, nunca poderemos alcançar um diferencial.Essa é minha ideologia e não posso deixar que apaguem por não acreditarem que existe solução para a educação do nosso país,"Não,podemos viver sem ideologias, ter sucesso sem acreditar em valores fortes, concretos,lutar por nossos objetivos sem acreditar que eles serão alcançados,almejar uma vida de realizações soterrando nossas verdadeiras crenças.Tenha suas ideologias muito bem definidas e paute sua vida sobre elas. Não tenha medo do que os outros vão pensar se você está realmente convicto no que acredita ser o certo,não tenha medo de fracassar embasado nelas, aprenda que neste mundo nada é absolutamente ruim ou bom e que sempre,terá que defender suas escolhas e pagar por elas." Eu estou consciente pela escolha que fiz na minha vida profissional,e você?

Seguidores

visitas

Powered By Blogger

Contatos pessoais

e-mail pessoal:
luciana.moraesmaluf@gmail.com

Msn1:
lucianammaluf@hotmail.com
Msn2:
pedlumoraes@hotmail.com
Este espaço é algo criado por mim para dividir, com todos que, assim como eu, adoram de fato o que fazem dentro da educação, um pouco do que pesquiso na internet e também do que tenho de material voltado à esta área que de fato sou louca de paixão.

Peço desculpas pela demora em atualizar os conteúdos.

No mais, a todos que visitam este blog, espero que até o momento tudo que há de conteúdo esteja sendo agradável.

Com carinho,

Lu Moraes
contato: luciana.moraesmaluf@gmail.com
msn: pedlumoraes@hotmail.com

“Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro horas da tarde. Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”

(Paulo Freire, em “A educação na cidade”)

“Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com a colheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes" Gabriel Chalita

Traduzir página

Eu fico com a pureza da resposta das crianças: a vida é bonita.
Viver e não ter a vergonha de ser feliz.
Cantar e... cantar e ...cantar a eterna beleza de ser aprendiz.
Eu sei que a vida devia ser bem melhor. E será.
Mas issoo impede que eu repita: é bonita, é bonita, é bonita!
(Gonzaguinha).

"Há os que adquirem conhecimento pelo valor do conhecimento - e isto é vaidade de baixo nível. Mas há os que desejam tê-lo para edificar outros - e isto é amor. E há outros que o desejam para que eles mesmos sejam edificados - e isto é sabedoria." - (Bernardo de Claraval)
"Todas as postagens que não são de minha autoria é dado o devido crédito e citado a fonte, até porque quando se copia algo de alguem a intenção não é fazer plágio, e sim divulgar as informações para um maior número de pessoas favorecendo assim o conhecimento."
Lucia Araújo/cc: Luciana Moraes

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Intervenção da Terapia Ocupacional na Reeducação Pscicomotora de Crianças de 7 a 9 Anos, Através de Brincadeiras Cantadas

Resumo

O presente trabalho visa verificar se as brincadeiras cantadas é uma técnica adequada para tratar crianças com déficits psicomotores. Na psicomotricidade trabalha-se a globalidade do indivíduo; estuda a implicação do grupo, vivencia corporal, integração entre os objetos e o meio para realizar uma atividade. A psicomotricidade constitui o estudo relativo às questões motoras e psico-afetivas do ser humano. É fazer do indivíduo um ser de comunicação; um ser de criação; e um ser de pensamento operativo, onde a psicomotricidade levam em conta os aspectos comunicativos do corpo e da gestualidade do ser humano.  

As alterações corporais constituem-se, assim, no motivo das suas pesquisas e no da sua intervenção. O brincar compreende uma variedade de movimentos, condutas, gestos, sentimentos e consentimentos dos parceiros e fantasias que envolvem a criança no seu mundo de criação própria.  Assim, a brincadeira pode ser entendida como uma ação lúdica com predominância de imaginação em constante interrelação com o jogo, érmitindo à criança a se apropriar de códigos culturais e de papeis sociais. Já as brincadeiras  cantadas são  entendidas  como formas lúdicas de brincar com o corpo a partir da relação estabelecida entre o movimento corporal e expressão vocal, na forma de  música, frases, palavras ou  sílabas ritmadas.

A pesquisa realizada no Centro de Reabilitação Física Dom Bosco - Clínica de Terapia Ocupacional, por um terapeuta ocupacional e seis sujeitos de ambos os sexos na faixa etária de 07 a 09 anos, mostra a utilização da Adaptação do Exame de G. B. Soubiran, em crianças que apresentam déficits psicomotores, evidenciados através do método escolhido, tratados sobre os aspectos das brincadeiras cantadas, para a superação dos déficits psicomotores apresentados na avaliação. Após intervenção, foram realizadas as reavaliações, onde se constatou significante melhora em todos os casos. Os casos estudados apresentaram os seguintes índices percentuais de superação: caso 1- 38,46%, caso 2 ? 25,64%, Caso 3- 33,33%, Caso 4- 38,46%, Caso 5- 25,64% e Caso 6- 38,47%. Os itens de coordenação motora global, orientação temporal e lateralidade foram os que mais se destacaram em superações. O trabalho propõe a utilização da avaliação como também da técnica das brincadeiras cantadas para o processo de reeducação psicomotora, podendo ser utilizado em outros grupos que apresentem também déficits psicomotores.

INTRODUÇÃO:

A Terapia Ocupacional trabalha com crianças que apresentam déficits psicomotores. A intervenção se faz necessária e essencial para auxiliar o processo de desenvolvimento. Esta pesquisa vem mostrar o resultado da intervenção em crianças com déficits psicomotores, utilizando da técnica de brincadeiras cantadas para resgatar déficits psicomotores, apresentados mediante a avaliação motora aplicada. 

OBJETIVO: 

verificar se Terapia Ocupacional utilizando atividades relacionadas às brincadeiras cantadas poderá intervir, influenciando e favorecendo o processo de reeducação psicomotora, através da técnica de brincadeiras cantadas.  

MATERIAL: 

foi utilizado como instrumento a Adaptação do Exame Motor de G. B. Soubiran, através do qual se evidenciou os déficits psicomotores e foram selecionadas atividades de brincadeiras cantadas, como meio de intervenção. Os atendimentos foram realizados de forma grupal, 2 vezes por semana de aproximadamente 50 minutos, entre abril/ 2009 a setembro/2009, no Centro de Reabilitação Física Dom Bosco - Clínica de terapia ocupacional. 

DESENVOLVIMENTO: 

A Psicomotricidade tem sua origem no termo grego psyché, que significa alma, e no verbo latino moto, que significa "mover freqüentemente e agitar fortemente". (BUENO, 1997).

Para Chauchard (1983) a Psicomotricidade está relacionada aos atos voluntários, os quais se referem à vida de relação e se executam graças à contração dos músculos estriados esqueléticos, ditos voluntários, com o intuito de educação, reeducação ou terapia, conforme o caso. Ela procura a integração da energia do indivíduo, utilizando para isto, o movimento como um meio não fim, levando em consideração os aspectos afetivos, cognitivos, motrizes e sociais.

Barreto (2000) enfatiza que via o corpo nos seus aspectos neurofisiológicos, anatômicos e locomotores, coordenando e sincronizando no espaço e no tempo para emitir e receber significados e significantes. Atualmente, percebe-se que psicomotricidade é o relarcionar-se através da ação, como um meio de tomada de consciência, de unificação do "Ser", o qual corpo-mente-espírito-natureza-sociedade. Um bom desenvolvimento psicomotor favorece e é favorecido pelos seguintes tópicos: satisfatória dominância lateral, orientação espaço-temporal, tonicidade, coordenação motora global, coordenação motora fina e óculo - manual, estruturação do esquema corporal e da imagem corporal. 

De acordo com Grunspun (2003) "na semiologia da psicomotricidade, interessa a integridade do esquema corporal, da tonicidade e do equilíbrio". Significa relacionar-se através da ação, como um meio de tomada de consciência, de unificação do corpo e da mente e, conseqüente integração a si, ao outro e ao meio em geral.

O desenvolvimento global da criança só é possível por meio de uma educação ou reeducação psicomotora, que coloque em jogo, em uma só atividade os aspectos afetivos, cognitivos e motrizes. (SANTOS, 1992) Assim, o desenvolvimento global da criança se dá pelo movimento consciente, ação, experiência, criatividade, participação e domínio sobre os objetos. Para Barreto (2000), atualmente a educação e/ou reeducação psicomotora é o sustentáculo, o arcabouço de toda aprendizagem futura do sujeito. Na verdade, ela é o sustentáculo de toda personalidade futura.

Negrine (2002) acredita que a psicomotricidade compreende o desenvolvimento psicomotriz a partir de bases teóricas de neuroanatomia funcional, tendo como base concepções sobre a motricidade que acreditam que o processo de desenvolvimento humano é decorrente dos processos de maturação.   As capacidades e habilidades motrizes seguiriam um padrão evolutivo igualmente em todas as pessoas e poderiam ser avaliadas através de exercícios-testes padronizados para as diferentes idades. Variáveis como sexo, fatores culturais, experiências vivenciadas, não seriam levadas em conta. Na avaliação do perfil psicomotor da criança algumas variáveis eram analisadas, como o equilíbrio estático e dinâmico, coordenação motora global, fina e óculo-manual, sincinesias, paratonias, lateralidade, orientação espacial e temporal. (ALVES, 2004).

A psicomotricidade se sustenta em diagnósticos do perfil psicomotriz e na prescrição de exercícios para sanar possíveis descompassos do desenvolvimento motriz. A estratégia pedagógica baseia-se na repetição de exercícios, que são estereótipos criados e classificados constituindo as famílias de exercícios; de equilíbrios estáticos e dinâmicos de coordenação motora ocular, global e fina, de flexibilidade, agilidade e destreza.  Dentro desse eixo da psicomotricidade, Langlade (1974 apud NEGRINE, 2002) afirma que a educação psicomotriz é uma ação psicológica e pedagógica que utiliza os meios da reeducação psicomotora com a finalidade de normalizar ou melhorar o comportamento da criança. 

Vayer e Picq (apud BUENO, 1998) explicam que, após a análise dos problemas encontrados, a psicomotricidade tem a finalidade de educar sistematicamente as diferentes condutas motoras, permitindo uma maior integração escolar e social. Os estudos e o desenvolvimento das sessões de psicomotricidade eram destinados a crianças que apresentavam problemas de aprendizagem, mais especificamente na leitura, na escrita e no cálculo matemático. Esse método se  sustenta no discurso de que o desenvolvimento de certas habilidades motrizes permite a melhora do desempenho nas aprendizagens cognitivas. A relação que o psicomotricista tem com a criança é uma relação de comando "(...) é uma intervenção no corpo de forma mecânica" (NEGRINE, 1995, p. 56).

 A atribuição da reeducação psicomotora está contida em várias áreas profissionais: pedagogia, educação física, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia educacional, psicologia, arte-educadores, educadores, médicos da especialidade motora ou psíquica, dentre outros. Mas o importante para uma boa reeducação é a tranquilidade e o intercâmbio afetivo e presente do reeducador com o educando, condição básica para uma adequada reeducação. 

Segundo De Fontaine (1980), a reeducação embasa sua eficácia no fato de que se remonta as origens aos mecanismos de base que estão na origem da vida mental, controle gestual e do pensamento, controlando as reações tônico-emocionais, equilíbrio, fixação, atenção, justa preensão do tempo e espaço. O essencial na reeducação psicomotora é a qualidade do relacionamento corporal e da comunicação afetiva, de acordo com o ritmo do paciente e não do terapeuta; a tentativa de acelerar o ritmo de evolução pelo terapeuta bloquearia o processo.  A reeducação psicomotora tem por objetivo estimular a criança a ter vontade de viver de agitar-se de entrar em contato com as pessoas e coisas. 

Essa reeducação é dirigida às crianças que sofrem perturbações instrumentais como: dificuldades ou atrasos psicomotores e dificuldades de aprendizagem escolares. O trabalho psicomotor beneficia a criança, no controle de sua motricidade. Utilizando maneira privilegiada a base rítmica associada a um trabalho, a uma técnica de controle tônico e de relaxação cautelosamente conduzido por profissionais especializados.

Lima, Dourado e Rocha (2004) acreditam que a reeducação psicomotora surgiu, como um meio de combater a inadaptação psicomotora, pois apresenta uma finalidade reorganizadora nos processos de aprendizagem de gestos motores. É um alicerce sensório-perceptivo-motor indispensável na contribuição do processo de educação e reeducação psicomotora, pois atua diretamente na organização das sensações das percepções e nas cognições, visando a sua utilização em respostas adaptativas previamente planificadas e programadas.  Atualmente coexistem na área da Psicomotricidade diversas vertentes. Historicamente, a psicomotricidade tratou o ser humano de forma fragmentada, baseada nos princípios fundamentais do dualismo cartesiano, que consistem em separar o corpo e a alma. Descartes (1979 apud LEVIN, 1995) diz que o corpo é apenas uma coisa externa que não pensa, e que a alma, não participa de nada daquilo que pertence ao corpo. Posteriormente passou-se a considerá-lo em sua totalidade, isto é, o corpo começa a ser visto como uma unidade que expressa sentimentos e emoções que movem suas ações (FALKENBACH, 2002). 

Os antecessores do campo psicomotor são a ginástica terapêutica e a psicodinamia. A ginástica terapêutica divulgada por Shreber (1980 apud LEVIN, 1995) descreve sistemas de exercícios e técnicas de ginástica com o objetivo de obter e atingir a harmonia do espírito e do corpo. Para esta finalidade, define o período de dois a sete anos na faixa etária das crianças como a época dos castigos corporais com ação terapêutica. Esse método teve como objetivo curar doentes e cultivar o corpo humano, modificando o homem e a sociedade.

Negrine (2002) explica que o termo psicomotricidade originou-se na França, no final do século XIX e no início do século XX. Inicialmente esteve vinculado a estudos de neuropsiquiatria infantil apresentados por Dupré. Os estudos deste neuropsiquiatra abordam a síndrome da debilidade motriz e a síndrome da debilidade mental. Expondo pela primeira vez o que se costumou denominar de psicomotricidade da criança, verifica-se que, nesta fase, a psicomotricidade está inserida no eixo biomédico. A prática da psicomotricidade ainda seguia o modelo racionalista e dualista, com ênfase nos aspectos motores do movimento humano. Levin coloca que a prática psicomotora tem seu início com Edouard Guilmain em 1935. Esse médico inicia um novo método o qual é chamado de Reeducação Psicomotora, consistindo na aplicação de baterias de testes psicomotores para a avaliação do perfil da criança. Estabelece-se, então, um exame psicomotor padrão e um programa de sessões de acordo com as características dos distúrbios motores que o indivíduo apresenta, orientando as modalidades de intervenção do terapeuta. 

Os psicomotricistas, agora preocupados com a vida emotiva de seus pacientes, começam a citar vários autores da psicanálise, como S.Freud, M. Klein, D. Winnicott, W. Reich, P. Schilder, J. Lacan, M. Manoni, F. Dolto e Samí Alí. Com isso, surgem novas perspectivas clínicas - teóricas no campo psicomotor (LEVIN, 1995). 

Negrine (2002) acredita que a vertente denominada Reeducação Psicomotora destina-se a crianças que apresentem déficit em seu funcionamento motor. Essa abordagem tem por finalidade ensinar a criança a reaprender como se executam ou se desenvolvem determinadas funções. Para isso, avalia-se o perfil psicomotor da criança, utilizando métodos que consistem na aplicação de baterias de testes psicomotores. Após o diagnóstico, a criança é submetida a um programa de sessões que tem como objetivo suprir as dificuldades aparentes. O início da reeducação psicomotora esteve centrado em uma prática que só se preocupava com o desempenho da criança frente aos seus métodos. Tratava-se de uma prática diretiva, mecanicista e dualista, não levando em consideração que o sujeito de sua prática, a criança, é um ser que expressa sentimentos e emoções em suas ações.  Assim, a reeducação psicomotora é destinada a crianças com idade até dez anos. Após essa idade, a prática psicomotora passa a uma prática corporal, e que a sessão psicomotora é composta por três espaços: o espaço sensório-motor, o espaço da emocionalidade e o espaço do distanciamento. (OLIVEIRA, 1997). 

Reeducação psicomotora é o método usado pelo terapeuta para trabalhar a psicomotricidade do individuo. A psicomotricidade consiste em fazer o indivíduo tomar consciência de suas possibilidades e de seus limites permitindo-lhe o reconhecimento de seu corpo e o desenvolvimento de suas potencialidades expressivas. Os exercícios usados para a reestruturação do esquema corporal reativam o próprio desenvolvimento dessas estruturas e acompanham as etapas da evolução da criança. As etapas aqui destacadas não têm qualquer caráter rígido imutável ou universal. São apenas pontos de referência. (BUENO, 1998). 

Masson (1985) a reeducação psicomotora é muito ampla, praticamente é sempre aplicável, não oferecendo perigo, a não ser em alguns casos bem particulares e em técnicas muito especiais. Ela se dirige evidentemente a crianças ou adultos, mas também pode ser indicada como profilaxia sob forma educativa, para pessoas normais ou subnormais no decorrer de sua evolução e cujo desenvolvimento psicomotor nem sempre se realiza espontaneamente. Na maioria dos casos, ela se dirige as crianças e, sendo cada criança um caso particular. Cada pessoa tem sua personalidade própria e não possui nem as mesmas possibilidades instrumentais, neurofisiológicas, nem os mesmos problemas afetivos, nem o mesmo potencial evolutivo, nem mesmo ambiente familiar ou social. Ela deverá se adaptar a cada um. Têm como finalidade organizar e criar traços que persistiram, procurando não destruir, se possíveis, as capacidades de outras organizações, respeitando assim, a originalidade e a criatividade de cada indivíduo.

A reeducação psicomotora é importante principalmente por seu valor de relacionamento, e às vezes, é indicada, simplesmente por razões de comportamentos inadequados, afetivos ou da personalidade, sem nenhuma deficiência psicomotora, considerando que esse tipo de relacionamento é o melhor para certas crianças. Esse tipo de raciocínio ilustra em parte a evolução das idéias a respeito das indicações para reeducação psicomotora. (MASSON,1985).

A vertente chamada de terapia da reeducação psicomotora é destinada a crianças normais ou portadoras de deficiências físicas que apresentam dificuldades de comunicação, de expressão corporal e de vivência simbólica (NEGRINE, 2002). A terapia da reeducação psicomotora utiliza várias contribuições, da teoria psicanalítica, onde inúmeros conceitos são utilizados, como o inconsciente, transferência e imagem corporal.  Agora os psicomotricistas estão mais atentos à vida emotiva de seus pacientes, dando importância à emoção, à expressão e à afetividade, considerando o corpo, a motricidade e a emocionalidade como uma globalidade e uma totalidade em si mesmas (LEVIN, 1995, p. 41).  A sessão de terapia psicomotora se desenvolve de forma individualizada ou grupal. A relação que o terapeuta estabelece com a criança é de sintonia, escuta, empatia e o seu corpo é o depósito das emoções da criança, o tempo da sessão é de acordo com a disponibilidade da criança e vice-versa (AUCOUTURIER e LAPIERRE, 1977). O brincar compreende uma variedade de movimentos, condutas, consentimentos dos parceiros e fantasias que envolvem a criança no seu mundo de "faz-de-conta", ao mesmo tempo tão real (LARA, PIMENTEL e RIBEIRO, 2008).

O brincar deve incitar e favorecer o movimento, a cognição, aprendizagem das regras e a criação. A oferta de estímulos adequados pode auxiliar nesse processo, mostrando para a criança que o mundo não está pronto e que pode ser alterado.  É a atividade predominante na infância e vem sendo explorado no campo científico, com o intuito de caracterizar as suas peculiaridades, identificar as suas relações com o desenvolvimento e com a saúde e, entre outros objetivos, intervir nos processos de educação e de aprendizagem das crianças.

Para Friedmann (1996) e Dohme (2002), as crianças têm diversas razões para brincar e uma destas razões é o prazer que podem usufruir enquanto brincam. Além do prazer, as crianças também podem, pela brincadeira, exprimir a agressividade, dominar a angústia, aumentar as experiências e estabelecer contatos sociais

Mello e Valle (2005), em conformidade com estes estudos em uma discussão sobre a influência do brincar no desenvolvimento infantil, acrescentam que o brinquedo proporciona a exteriorização de medos e angústias e atua como uma válvula de escape para as emoções. Os aspectos simbólicos de sociabilidade, linguagem e cognição também são estimulados na brincadeira. No que se refere ao brincar, afirmam que o brinquedo possibilita o desenvolvimento infantil em todas as dimensões, o que inclui a atividade física, a estimulação intelectual e a socialização.  O brincar pode ser visto primeiramente como produção cultural predominantemente imaginária, dotada de significado, seu valor torna-se inconteste na educação informal (LARA, PIMENTEL e RIBEIRO, 2008).

A brincadeira pode ser entendida como ação lúdica com predominância de imaginação em constante interrelação com o jogo, prevalecendo a organização da atividade por meio de regras (LARA, PIMENTEL e RIBEIRO, 2008). A brincadeira é a atividade principal da infância. Essa afirmativa se dá não apenas pela frequência de uso que as crianças fazem do brincar, mas principalmente pela influência que esta exerce no desenvolvimento infantil.

Isidro e Almeida (2003), afirmam que as regras de uma brincadeira, ou jogo, estão intimamente ligadas ao conhecimento que as crianças têm da realidade social na qual estão inseridas. A brincadeira, seja simbólica ou de regras, não tem apenas um caráter de diversão ou de passatempo. Pela brincadeira a criança, sem a intencionalidade, estimula uma série de aspectos que contribuem tanto para o desenvolvimento individual do ser quanto para o social.  A brincadeira desenvolve os aspectos físicos e sensoriais. Os jogos sensoriais, de exercício e as atividades físicas que são promovidas pelas brincadeiras auxiliam a criança a desenvolver os aspectos referentes à percepção, habilidades motoras, força e resistência e até as questões referentes à termorregulação e controle de peso.

Outro fator que pode ser observado na brincadeira é o desenvolvimento emocional e da personalidade da criança (SMITH, 1982). A brincadeira também é uma rica fonte de comunicação, pois até mesmo na brincadeira solitária a criança, pelo faz de conta, imagina que está conversando com alguém ou com os seus próprios brinquedos. Com isso, a linguagem é desenvolvida com a ampliação do vocabulário e o exercício da pronúncia das palavras e frases (MELO e VALLE apud Santos, 2006).

Cordi (2009) enfatiza que as brincadeiras cantadas são tão antigas quanto nossa história, sem contar o tempo em que nossos primeiros brasileiros curumins brincavam e cantavam. Mais que passatempos, as brincadeiras de roda desenvolvem a expressão oral, a audição e o ritmo dos pequenos. Enquanto rodam no pátio cantando as divertidas canções eles ainda se exercitam trabalhando o equilíbrio e a  coordenação motora. As brincadeiras cantadas podem e devem ser repassadas para geração atual de crianças que não tiveram a chance de conhecê-las. Deve-se permitir, na educação Infantil, o acesso à memória cultural da infância e suas deliciosas brincadeiras musicais que marcam para toda a vida quem as vivenciou. Ao apresentarmos um repertório de canções da cultura infantil, mostramos na realidade, brincadeiras musicais que, se envolvem o cantar, envolvem também o movimento. As brincadeiras cantadas são entendidas como formas lúdicas de brincar com o corpo a partir da relação estabelecida entre movimento corporal e expressão vocal, na forma de músicas, frases, palavras ou sílabas ritmadas. Integram a cultura popular ou fazem parte das criações contemporâneas, representando uma possibilidade de potencializar o "lúdico" no contexto educacional.

Brincadeiras cantadas podem ser caracterizadas como formas de expressão do corpo, sendo representadas pela associação de musicalidade e movimento. Escravos de Jó, Terezinha de Jesus Marcha soldado, Capelinha de melão e Ciranda-cirandinha são algumas cantigas que, associadas às formas diferenciadas do "movimentar-se", caracterizam-se como brincadeiras cantadas de importante contribuição educacional. Porém, não se pode esquecer que, a brincadeira também permite transcender a realidade imediata, haja vista a presença, mesmo que minoritária, de outras realidades sociais que estabelecem intercâmbio com aquela na qual a criança vive. Embora a criança geralmente não possa agir diretamente sobre parte da realidade, a atividade lúdica se torna "uma das formas pelas quais as crianças se apropriam do mundo, e pela qual o mundo humano penetra em seu processo de constituição enquanto sujeito histórico" (ROCHA, 2000).

Para Brandão e Froeseler (1997) uma das atividades físicas mais aplicáveis à criança é, sem dúvida, as brincadeiras cantadas. Em todas as partes do mundo, ao passarmos por uma rua, onde crianças brincam despreocupadamente, é comum ver-se, de maneira natural e espontânea, a utilização da brincadeira cantada, em qualquer das suas formas. As brincadeiras cantadas permitem a associação, tanto espontânea quanto organizada, de gesto e sonoridade. Esta possibilidade, reconhecidamente prazerosa no contexto infantil, permite que saberes culturais tradicionais sejam transmitidos a cada geração. Fundem musicalidade, dança, dramatização, mímica e jogos, representando um conhecimento de grande contribuição à vida de movimento da criança. As brincadeiras cantadas integram o conjunto de cantigas próprias da criança e por ela entoadas em seus brinquedos ou ouvidas dos adultos quando pretendem fazê-la adormecer ou instruí-la, transmitidas pela tradição oral.

Assim alguns dos objetivos visados com a aplicação dos brinquedos cantados seriam: auxiliar no desenvolvimento da coordenação sensório-motora; educar o senso rítmico; favorecer a socialização; estimular o gosto pela música e pelo movimento; perpetuar tradições folclóricas e incentivar o civismo; favorecer o contato sadio entre indivíduos de ambos os sexos; disciplinar emoção: timidez, agressividade, prepotência; incentivar a auto-expressão e a criatividade. É importante destacar que, embora a brincadeira cantada enseje em si mesma o objetivo de seu aprendizado, por meio dela é possível tratar pedagogicamente outros conteúdos.

A principal intermediação estaria no desenvolvimento do ritmo e da expressão, ou seja, o conhecimento das percepções e habilidades necessárias ao corpo, bem como à produção de movimentos correspondentes às vibrações sonoras e aos significados daquilo de que é cantado. Paiva (2006) enfatiza que as brincadeiras cantadas têm o papel fundamental no desenvolvimento da criança. 

Através das brincadeiras cantadas a criança pode partilhar com os outros sua própria história, bem como suas emoções e de certa forma elaborá-la protegida dos limites do círculo. O círculo é um fator inclusivo, todos se dão as mãos e todos participam da mesma maneira. No círculo todos, são iguais. 

Não há o mais forte, nem o mais rápido, nem o melhor. Ninguém é ignorado. A roda representa o Todo. É o primeiro processo na contribuição da construção de uma ecologia social. Apresentam em sua dinâmica, convites para que as crianças troquem contatos afetuosos. Esses contatos são necessários para o desenvolvimento infantil. Brincando, a criança se desenvolve integralmente, tanto física, psicológica e socialmente. É muito grande a influência que a música exerce na criança. Podemos notar num bebê que ao mínimo som se movimenta que a música estimula suas funções sensoriais e afetivas. E é por esse motivo que a música deve fazer parte da nossa proposta educacional, sem levar em conta seu fator estimulante, pois é muito bom dançar com música, a criança canta, dança e se movimenta; se realiza.

Na música o ritmo e o movimento são determinados pela melodia e pode ser lento, moderado ou acelerado. Para podermos dançar ou cantar uma melodia precisamos compreender as variações rítmicas que podem ocorrer.  Podemos estimular o ritmo na criança através de batidas de palmas, assobios, estalos de dedos, bater as mãos nas coxas, etc. Toda criança é dotada de ritmo que se manifesta antes mesmo do nascimento. Os fatos musicais e as ações motoras, ritmo marcados, batidas com as mãos, são inseparáveis da educação perceptível propriamente dita. É a partir da relação entre o gesto e o som que a criança, ouvindo, cantando, imitando e dançando constrói os conhecimentos sobre a música e o movimento, percorrendo o mesmo caminho do homem primitivo na exploração e na descoberta destas linguagens. Através do movimento podemos expressar o ritmo, dançar a melodia e se entregar na harmonia.

Ele é a materialização do corpo na conduta humana e o feixe de onde saem às ações concretas do pensamento. RESULTADOS: Após intervenção, foram realizadas as reavaliações, onde se constatou significante melhora em todos os casos. Os casos estudados apresentaram os seguintes índices percentuais de superação: caso 1- 38,46%, caso 2 - 25,64%, Caso 3- 33,33%, Caso 4- 38,46%, Caso 5- 25,64% e Caso 6- 38,47%. É valido ressaltar, que os  casos 2 e 5 tiveram o  menor  rendimento e conseguintemente foram os menos  assíduos no tratamento e que  os  itens de coordenação motora  global, orientação temporal e lateralidade foram os que mais se destacaram em superações.

CONCLUSÃO:

A terapia da reeducação psicomotora organiza-se de forma que as atividades propostas nas sessões possibilitem a criação de atitudes e comportamentos na criança a partir dos estímulos e intervenções que lhe é proporcionado, onde a perspectiva lúdica, requer escuta, ajuda e muita disponibilidade corporal do terapeuta, que interage com a criança, de forma que seu corpo e os objetos se transformem em razão e emoção, refletida através de sua corporeidade. O trabalho propõe a utilização da avaliação da Adaptação do Exame Motor de G. B. Soubiran, como também da técnica das brincadeiras cantadas para o processo de reeducação psicomotora, para demais sujeitos que apresentem déficits psicomotores e necessitem de técnicas para o processo de reeducação.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, G, P. Teoria e prática em psicomotricidade: jogos, atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. Rio de Janeiro: Wak, 2006.

AJURIAGUERRA, I. de Manual de psiquiatria infantil. Rio de Janeiro: Masson do Brasil, 1978.

ALVES, F. Como aplicar a psicomotricidade: uma atividade multidisciplinar com amor e união. Rio de Janeiro: Wak, 2004.

BARRETO, S. J. Psicomotricidade: educação e reeducação. 2. ed. Blumenau: Acadêmica, 2000.

BUENO, J. M. Psicomotricidade teoria e prática: estimulação, educação e reeducação psicomotora com atividades aquáticas. São Paulo: Lovise, 1998.

BRANDÃO, H. e FROESELER, M. G. O livro dos jogos e das brincadeiras para todas as idades, Belo Horizonte:  Leitura, 1997.

CÓRIA-SABINI, M. A.; LUCENA, R. F. de Jogos e Brincadeiras na educação infantil. 3. ed  Campinas : Papirus, 2007.

CORDAZZO, S. T. D. Caracterização das brincadeiras de crianças em idade escolar. São Paulo: 2003.

DOHME, V. A. Atividades lúdicas na educação: O caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 2002. Dissertação de Mestrado, Curso de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura, Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo.

FONSECA, V. da Manual de Observação Psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artmed,1995.

GRUSPUN, H. Distúrbios neuróticos da criança: psicopatologia e psicodinâmica.  5ed. São Paulo: Atheneu, 2003.

ISIDRO, A.; ALMEIDA, A. T. M. Projecto Educar para a convivência social: O jogo no currículo escolar. Cadernos encontro: O museu a escola e a comunidade. Centro de Estudos da Criança, Universidade do Minho, Braga, 2003.

MASSON, S. Generalidades sobre a reeducação psicomotora e o exame psicomotor. São Paulo: Malone, 1989.

MELO, L. L.; VALLE, E. R. M. O brinquedo e o brincar no desenvolvimento infantil. Psicologia argumento. Vol. 23, n. 40, p. 43 ? 48, 2005.

NEGRINE, A. O corpo na educação infantil. Caxias do Sul: UCS, 2002.

NICOLA, M. Psicomotricidade: manual básico. Rio de Janeiro: Revinter, 2004.

OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. Petrópolis: Vozes, 1997.

PAIVA, I. M R. de Cantando e Brincando: desenvolvendo a afetividade. Rio de Janeiro: Sprint, 2006.

ROCHA, M. S. P. de M. L. da. Não brinco mais: a (des) construção do brincar no cotidiano educacional. Ijuí: Unijuí, 2000.

SMITH, P. K. Does play matter: Functional and evolutionary aspects of animal and human play. Behavioral and Brain Sciences. v. 5, n. 1, p. 139 ? 184, 1982.
Brincadeiras cantadas: educação e ludicidade na cultura do corpo. Lins-SP 09 fev. 2009. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd81/brincad.htm> Acessado em: 18 dez. 2008.

Jogos infantis: brinquedos cantados, Lins-SP 09 fev. 2009. Disponível em:<http://www.terrabrasileira.net/folclore/manifesto/jogos/j-canto.html>. Acessado em: 04 fev. 2009.

Música ritmo movimento, Lins-SP 28 ago.2009. Disponível em: http://www.cdof.com.br/danca4.htm>. Acessado em: 25 jun. 2009

Autor: Elda dos Santos Aredes e Renata Ferraz prado Telles Medeiros
Data: 15/09/2010




Nenhum comentário:

Postar um comentário

GOSTARIA DE SABER O QUE ACHOU DESTE ARTIGO!

Nem especial, nem regular, nem pra "normais", nem pra "deficientes"...apenas educação, porque chegará o dia que educação será uma coisa só.

Visualizações de páginas da semana passada