Entradas. Saídas. Contas. Somar. Diminuir. Ativo. Passivo. Calcular. A receber. A pagar. Melhor apagar. Fazer de novo. Cálculos, porcentagens, patrimônio. Nessa época do ano, contabilidade e finanças são as estrelas de qualquer escola. Dessas áreas virá o veredicto. Sobrou alguma coisa?
Quanto? Podemos investir naquelas melhorias tão sonhadas? Posso trocar de carro esse ano?
E através dos números desenha-se a realidade de uma escola, sabe-se se ela foi um sucesso ou fracasso no ano letivo que acabou.
Mas será que são só números que importam?
Pessoas reais
Há toda uma dimensão, todo um lado de uma instituição de ensino que não aparece no balanço de fim de ano. Não, todo um lado, não. Na verdade, é toda a escola. Sem pessoas, não há aulas. Sem pessoas, não há projeto pedagógico, cantina lotada. Sem pessoas, não há dinheiro entrando.
Pessoas. Gente. Seus alunos, professores, coordenadores, inspetores, pessoal da tesouraria, do xerox, da cantina, zeladores, monitores, assistentes, secretárias. Todos esses são os responsáveis pelos números que aparecem no balanço de fim de ano. O problema é que muitos diretores pegam os números e atacam os sintomas e não as causas.
Vamos ver uma das frases comuns nessa situação: “a escola vai fazer uma promoção para atrair mais alunos”. Lembre das aulas de Português e faça uma análise da frase. Não sintática ou morfológica, mas uma análise de pessoas e bom senso:
- “A escola vai fazer uma promoção” – Não vai, não. Pois “a escola”, a entidade, a pessoa jurídica, o prédio, a quadra poliesportiva, não podem fazer nada sozinhos. Existem pessoas que trabalham na escola e que vão ser incumbidas (quem?) de algo. Essa pessoa ou grupo de pessoas deve ter o conhecimento técnico para realizar a tarefa, deve compreender a missão e os valores que o grupo de professores, coordenadores e diretor passa para o grupo de alunos, e, finalmente, querer realizar essa tarefa.
- “Para atrair mais alunos” – você sabe quem é esse grupo de pessoas que não estuda em sua escola? Todos estariam dispostos a entrar para sua instituição? Alguém responderia “nem que a vaca tussa eu estudo aí” ou similar? Por quê?
É isso aí. Uma decisão simples envolve diversas pessoas e grupos de pessoas, mesmo que não pareça. Resta a você colocá-las no balanço, calcular e usar os resultados.
O que e como as pessoas lhe dizem
O mais interessante é que cada personagem da comunidade da sua escola quer ajudá-lo, quer mostrar onde sua instituição pode ser melhor. Só que necessitam de uma oportunidade para fazê-lo. Para dizer o quanto estão satisfeitos ou não. Como se sentem lidando com todas as outras pessoas da instituição.
E isso vai muito além da pesquisa que os alunos preenchem dando nota e avaliando os diferentes professores. Aliás, caso sua escola utilize esse método, o que faz com os resultados? Infelizmente, muitos diretores limitam-se a colocar os resultados da equipe em um daqueles programas de gerar tabelas, organizar uma reunião e passar as próximas duas horas papagueando números e distribuindo uma bronca ou duas. Aí, acaba. Ninguém mais vai mencionar ou pensar naqueles números de novo.
Pessoal, pesquisa serve para muito mais do que isso.
Pessoal, pesquisa serve para muito mais do que isso.
Diferentes, mas iguais
Um dos principais argumentos sobre a dificuldade de se fazer uma pesquisa é a diferença entre pessoas. Sim, concordo que fazer uma pesquisa, que descobrir a satisfação de todos é difícil (mas nunca disse que seria fácil...). Sim, cada aluno, cada professor é um mundo diferente, com interpretações e definições diferentes para “satisfação”. Porém, em muita coisa somos iguais. Por exemplo, uma das principais coisas que você deve ter em mente, sempre, é o motivo pelo qual cada um de seus alunos veio até você. Eles estavam insatisfeitos com a instituição de ensino anterior? O que eles viram em você que não encontraram em nenhum outro lugar? Essas características, quando identificadas, devem servir de guia para qualquer decisão em sua escola.
Como botar satisfação no balanço
Primeiro, é preciso que você tenha a opinião de seus dois clientes. Sim, dois. O cliente externo (alunos e pais de alunos) e o interno (professores, coordenadores, secretárias, zeladores, etc.). A partir daí, é só fazer o que eles lhe dizem. Mas atenção: para conseguir as respostas às perguntas abaixo você não precisa conduzir um interrogatório. Algumas podem ser feitas diretamente. Outras funcionam melhor quando colocadas no meio de uma conversa mais descompromissada. Use seu bom senso:
O que seus alunos e pais devem dizer:
- O que eles esperavam da escola lá no começo do ano letivo foi atendido?
- Suas necessidades ou expectativas mudaram durante esse tempo? O que ele espera agora?
- Os professores parecem gostar de dar aulas? Estão sempre animados?
- O que eles mudariam na instituição de ensino?
O que seus possíveis alunos devem dizer:
- Por que eles entraram em contato com a escola?
- Quais são suas necessidades, desejos e expectativas?
O que o pessoal administrativo deve dizer:
- Como os clientes preferem se comunicar com a escola, e se essa comunicação é feita sem problemas?
- Se eles próprios conseguem se comunicar sem problemas com as outras pessoas dentro da escola: professores, alunos, etc.?
- Os processos da escola (pagamento de taxas, pedido de revisão de provas, atendimento a pais, entre outros) fluem bem e sem um excesso de burocracia?
- Se eles próprios se sentem preparados para resolver os problemas mais comuns?
O que os ex-alunos devem dizer:
- O que eles mais gostavam enquanto estavam na escola?
- E quais eram suas queixas?
- Por que saíram?
O que seus professores e coordenadores devem dizer:
- Eles se sentem valorizados por diretores e alunos?
- Conseguem comunicar suas idéias facilmente?
- Sentem que o ambiente é agradável, sem fofocas?
O que o diretor deve dizer:
- Os alunos, coordenadores e professores sorriem uns para os outros?
- Você, sinceramente e com freqüência, diz “obrigado” para professores e pessoal administrativo?
- Sua escola passa o mês “apagando incêndios” ou o processo e as aulas correm bem, sem interferências?
- Todos, dos professores novatos ao coordenador mais experiente, do pessoal da cantina ao administrativo, se comprometem com uma tarefa, não importa o quão pequena ela seja?
Depois, junte tudo isso e tente responder:
- O que essas informações dizem a respeito do ensino de sua instituição?
- O que essas informações dizem a respeito dos outros serviços que sua escola oferece?
- O que devo fazer para melhorar/fazer com que permaneçam bons esses indícios que descobri?
E, finalmente... faça um plano para aplicar o que descobriu e aja.
fonte: Gestão Educacional/ Brasílio Neto
Nenhum comentário:
Postar um comentário
GOSTARIA DE SABER O QUE ACHOU DESTE ARTIGO!