Diretora disse que Júlio não competiria mesmo se tivesse notas boas.
Secretaria municipal de Educação disse que ainda vai avaliar melhor o caso.
A diretora de uma escola municipal do Rio de Janeiro proibiu os alunos de competirem na etapa nas Olimpíadas Escolares. Entre os estudantes está o adolescente Júlio César de Oliveira, de 14 anos, campeão estadual de atletismo, uma revelação. Ele não vai representar o estado na etapa nacional da competição, que acontecerá no Ceará.
“Uma tristeza tão grande que eu não gosto nem de falar”, disse Júlio César.
Morador de uma favela em Realengo, na Zona Oeste, e filho de pai assassinado por traficantes, Júlio se agarrou a única oportunidade que teve, graças ao grande talento para o atletismo, revelado por um projeto social.
Há muito tempo se fala de como o esporte pode mudar a vida das crianças mais pobres. De como cria oportunidades, afasta as más companhias, até ajuda na escola. Apesar disso, na hora de representar o Rio de Janeiro na etapa nacional das Olimpíadas Escolares, Julio César recebeu um “não”.
Em 2009, Júlio não participou da competição. O motivo foi a falta da assinatura da diretora da escola em todas os documentos necessários. Júlio chegou a abandonar os treinos de atletismo e repetiu de ano.
Em janeiro, ele foi convidado a voltar para o projeto social e convocado para os jogos.
Mais uma vez, ele não conseguiu a assinatura da diretora em todos os documentos necessários. A família e o treinador pediram ajuda ao Conselho Tutelar. Um documento do Conselho foi aceito para a inscrição. Júlio ganhou medalha de ouro na prova de corrida com barreiras. A diretora, de novo, não assinou a ficha de inscrição para a fase nacional.
Mais uma vez, ele não conseguiu a assinatura da diretora em todos os documentos necessários. A família e o treinador pediram ajuda ao Conselho Tutelar. Um documento do Conselho foi aceito para a inscrição. Júlio ganhou medalha de ouro na prova de corrida com barreiras. A diretora, de novo, não assinou a ficha de inscrição para a fase nacional.
Treinador diz que aluno é esforçado.
As notas de Júlio são ruins, mas o treinador Ormandino Barcelos disse que ele está se esforçando:
“Vários desses garotos se formaram por aqui engenheiros e médicos e professores, e é o objetivo do projeto a sua inclusão social através do esporte”, disse o treinador.
A diretora Helenir Alvez disse que Júlio não competiria mesmo se tivesse notas boas:
“É porque nós não participamos dessa inscrição por uma opção. Nós temos outros bons alunos lá que também querem participar e nós demos essa mesma explicação para os pais”, declarou.
Competição atrapalha rendimento, diz diretora.
Segundo a diretora Helenir Alvez, a dedicação às competições atrapalhava o rendimento escolar. A Secretaria municipal de Educação apoiou a decisão do colégio e o atleta Júlio César não representará a instituição na fase nacional.
“A diretora tem que ter sensibilidade, tem que ter posição de ver o que é mais importante para o aluno. Nós queremos atletas completos. Não adianta você ter um atleta que tenha medalha de ouro, medalha de prata e tenha insucesso na escola. Qual será o futuro desse aluno?”, disse a subsecretária Helena Bomeny.
Esta também é a preocupação da avó de Júlio César, a aposentada Marina Oliveira, mas ela tem medo:
“Ele não tem suporte emocional, ele não tem suporte psicológico para receber um não diante de uma coisa que ele tanto almeja, que ele é completamente apaixonado”, disse.
Para a pedagoga Bertha do Valle, uma solução seria a discussão do caso com os professores da escola:
“Eu acho que botaria isso em discussão com os professores da escola, da gente ver uma forma de dar o reforço escolar a esse aluno no dia a dia, durante o período letivo, fora do horário”.
A Secretaria municipal de Educação disse que ainda vai avaliar melhor o caso.
RJTV
MEU PENSAMENTO
Quando vi essa reportagem hoje no telejornal fiquei indignada com a atitude dessa diretora.
Absurdo, na minha opinião, pois esse menino possui um historico familiar lamentável e a Sr. diretora, nem para ter a sensibilidade para pensar nisso.
Durante a minha graduação aprendi que devemos ter a sensibilidade perante os alunos, com os professores, os funcionários e com isso tornar a vida escolar muito melhor.
A preocupação com o histórico familar é muito importante para que possamos conhecer melhor os nossos alunos e assim poder ajudar da melhor forma possível. Identificando dificuldades e/ou transtornos.
O que essa Sr. disse que mesmo se o aluno tivesse notas boas ele não iria, foi o maior dos absurdos. Gerando, no meu pensamento, uma perseguição com o aluno.
O pensamento da pedagoga sobre o assunto, é muito legal, pois eu mesma passo por problema igual com meu filho que é atleta federado de natação. Mesmo ele não participando de competições a nível nacional, ele possui notas baixas e juntamente com a escola dele conseguimos conciliar os treinos com as aulas de apoio e assim no segundo bimestre ele teve um bom rendimento.
O apoio familiar, apoio do clube e da escola fazem com que meu filho tenha conciência da importancia dos estudos.
Estou torcendo para que essa decisão seja revista e que o menino possa representar seu estado bem.
Sorte para ele!
Luciana Moraes
Cara blogueira, enquanto todos se sentirem coitadinhos a vida não vai pra frente. Existem milhares de jovens com historia de vida igual a dele, existem outros tantos com historia diferente que também carecem de uma chance. Eu concordo com a diretora. A escola não pode liberar um aluno, abonar suas faltas porque ele quer participar de competições de atletismo. Existem centenas de estudantes, jovens carentes que praticam esporte, mas somente uma pequena parcela deles se profissionalisam.
ResponderExcluirA decisão da diretora tem como premissa a prioridade do ensino formal, regular, tanto que ela frisou que não porque ele tem notas ruins, até mesmo os bons alunos não seriam liberados.
O esporte pra ele é uma possibilidade, já levar a sério os estudos é possibilidade viável de um futuro melhor.
Alem do mais, existe uma questão pratica: ele é liberado, suas faltas serião abonadas, e a cobrança em relação ao conteúdo das matérias? Também seria abonado? Avaliações, trabalhos, como seria?
Será que ele teria disciplina para se concentrar nos treinos e estudar as matérias regulares, sem estar frequentando corretamente as aulas? Segundo matérias publicadas na época, o garoto tinha rendimento escolar muito ruim e já pratica atletismo. Até que ponto o envolvimento profissinal dos jovens com o esporte realmente ajuda na educação formal?
Acho que a diretora está corretissima. A escola tem regras que precisam ser cumpridas, se ele estudasse numa escola tradicional como o Pedro II, certamente nã seria liberado. Se ele estudasse numa escola particular, também não. Não tem porque as escolas municipais abrirem mão de seus regulamentos e postura em prol de um caso particular.
Bom, direito a liberdade de expressão!
ResponderExcluirDefinitivamente não concordo com a situação que a diretora de tal escola colocou o menino em questão e também discordo com a senhora. Meu filho é atleta federado, compete e a escola dele o libera para ascompetiçoes, muitas vezes abonando suas faltas sim. O conteúdo disciplinar ele consegue com os colegas, geralmente mais aplicados para que nao venha a ser prejudicado. De fato, quando falamos de algo e concordamos com isto é por que em suma vivenciamos a situação ou algo parecido. No meu caso, algo parecido.
Por ser educadora (formada e por vocação) penso que não podemos de forma alguma influenciar as crianças e suas familias naquilo em q nós acreditamos.
Costumo sempre orientar meus filhos e alunos no que pode ser melhor no momento para eles. As oportunidades são únicas para todos e de alguma forma elas nunca chegam da mesma forma e da mesma intencidade.
Há coisas que devemos agarrar na hora em que chegam.
Havia momentos em que as notas do meu filho estava ruins, mas isto de maneira alguma fez com que a escola interferice na escolha que meu filho fizera para sua vida, pois nunca obriguei meu filho a fazer coisas dos quais eu queria que fizesse, como é ocorrido na maioria das familias, onde pais frustados em alguma modalidade esportiva acabam "obrigando"seus filhos a fazerem algo que não querem, somente para que seus pais se sentam bem. Meu filho nada por que ama, por que gosta e consequentemente tem talento para tal.Sinto informá-la que escolas particulares e algumas públicas liberam seus alunos e na maioria abonam suas faltas e ainda digo mais, os conteúdos disciplinares são elaborados de forma diferenciada para que tal aluno/atleta, não venha ser um retardatário frente ao resto de sua turma. Conheço alunos / atletas que competem fora do nosso país, e são excelentes alunos. As escolas sabem que, de alguma forma, o esporte hoje em dia, tão valorizado, possuem a grande chance de tornar o futuro do seu aluno, brilhante.
Então, continuo com minha opinião, pois como, primeiramente mãe de atleta, não posso jamais concordar com tal situação.
No mais, meu pensamento é muito grande e o resto dele ficará comigo até próxima oportunidade.
com carinho uma mãe, coruja, orgulhosa, pedagoga e psicopedagoga!