Celso Antunes diz que, na sociedade da informação, professores devem se dedicar mais em explorar contextos, habilidades e inteligências múltiplas e se preocupar menos com softwares de última geração
Tomografias e ressonâncias magnéticas permitem acompanhar o comportamento do cérebro em tempo real. Em uma banca de revistas, você pode encontrar mais informações que nas bibliotecas de anos atrás. Para Celso Antunes, esses são sinais de que a informação se "banalizou", mas isso pouco tem ajudado o professor a compreender como se processa o aprendizado. Diante desse quadro ele se pergunta: Será que as velhas formas de educar estão prestes a ser aposentadas? Será que ainda faz sentido o professor "carregar" saberes?
Em sua palestra na Educar 2001, o professor e especialista em inteligência e cognição se ateve em explicar como otimizar o aprendizado nas escolas brasileiras e "suas salas cheias de alunos". Segundo ele, o que o país precisa é de "idéias plausíveis" e não da "importação de laboratórios sofisticados". Celso Antunes argumenta que o papel do professor, mais do que nunca, é ensinar habilidades e explorar contextos. E isso se aplica a todas as séries e a todas as disciplinas.
Ganchos
Para Celso Antunes, se o professor conseguir fazer com que suas aulas de matemática falem das gôndolas dos supermercados e que as aulas de geografia falem das notícias do Jornal Nacional, ele estará sendo "moderníssimo". Esse esforço de contextualizar, de conectar a sala de aula com o cotidiano é que contribui para transformar informação em conhecimento.
Ele também demonstrou sua preocupação com o ensino de habilidades e competências. Para Celso Antunes, somente quando os alunos souberem classificar, associar, analisar, descrever, deduzir é que as informações ganharão ganchos para aderir de forma duradoura na "toalha rendada do conhecimento".
Ele sustenta ainda que os professores que preferem apenas "depositar" informações nos cérebros dos alunos estão como que atirando "clips" nessa tolha rendada, mas se esquecem de abri-los com ajuda das habilidades. E provoca: a escola leva o aluno a proteger uma árvore porque ele decorou um slogan ou porque o ensinou a sentir e a compreender a importância das árvores para seu entorno social?
Fala na tua língua
Celso Antunes também criticou as maneiras tradicionais de avaliar. Segundo ele, as escolas deveriam "designar seus alunos por suas propriedades, não por suas ausências". "Nos preocupamos em avaliar pelo máximo e não pelo ótimo, sem levar em conta as potencialidades dos alunos", completou.
Outra maneira de ignorar os talentos dos alunos apontada por ele em sua palestra seria a recusa em avaliar os alunos por suas inteligências múltiplas, em outras formas de expressão além da escrita. Para o professor, os alunos deveriam ter o direito de demonstrar seus conhecimentos nas mais variadas linguagens: música, teatro, desenho, etc. Segundo ele, o que os professores deveriam dizer a seus alunos é: "Fala na tua língua que eu saberei ler os teus saberes."
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Vitor Casimiro
Exclusivo para o Educacional